O que esperar do preço da gasolina e do diesel para 2023?
Especialistas dizem que mercado internacional pode sofrer pressão e afetar preço da gasolina e do diesel em 2023
O preço da gasolina é uma das grandes incógnitas do mundo econômico para 2023. Em meio à redução dos impostos dos combustíveis nas bombas pelo governo Bolsonaro, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrentará uma bastante cautelosa. Com a ameaça de recessão na economia mundial, Lula ainda pode fazer mudanças na Petrobras que afetarão o bolso de quem quiser abastecer o veículo.
Especialistas ouvidos pela Inteligência Financeira dizem que o Brasil deve se preparar para cortes na cadeia mundial do petróleo a partir do ano que vem. Sem perspectiva de resolução para a guerra na Ucrânia, demanda por combustível pode continuar crescendo com oferta mais apertada.
O preço médio da gasolina, atualmente R$ 4,98 o litro segundo a Petrobras, pode subir e é preciso preparar o bolso para possíveis reajustes. Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo), o preço médio de revenda do combustível nos postos brasileiros é de R$ 5,02 o litro.
A tendência dos preços da gasolina é de baixa, diz Rystad VP
O cenário para o barril de petróleo até o final do ano é de estabilidade. A empresa de pesquisa de energia norueguesa Rystad Energy aponta que o preço dos futuros do Brent deve permanecer acima de US$ 90 por unidade, mas abaixo dos níveis de US$ 100 e US$ 110.
O vice-presidente da brasileira Rystad, Gabriel Roisenberg, explica que a pressão sobre o preço da gasolina não terá o mesmo impacto pró-inflacionário de meados deste ano. Antes do presidente Jair Bolsonaro (PL) aprovar a PEC dos combustíveis em junho, esse produto era um dos principais “vilões” para o aumento da inflação no Brasil, que subiu 2,48% em abril.
O barril de petróleo mais barato em 2023
Porém, para Noro, a política do covid-zero não deve durar. Rystad estima que o governo chinês abandonará essa medida em dezembro.
Segundo os cálculos de Rystad com base na cadeia global de oferta e demanda de petróleo, em 2023 o setor petrolífero deve sentir menos pressão inflacionária sobre o Brent e, portanto, sobre o preço da gasolina e do combustível. “O impacto na gasolina pode ser positivo. Entendemos que o Brent retornará a cerca de US$ 80 por barril em 2023. Hoje temos uma cadeia de oferta e demanda desequilibrada, mas deve voltar ao normal no ano que vem. Lula não dá sinais até agora de que pretende retirar a PEC dos combustíveis. O recém-eleito presidente pretende discutir as medidas com os governadores ainda durante a transição de governo”, afirma Roisenberg.
Petrobras terá novo papel no governo
Além de acreditar na tendência de queda dos preços da gasolina no próximo ano, o vice-presidente da Rystad no Brasil diz que 2023 “será uma boa transição” entre os governos. Para o executivo, a Petrobras deve ter um papel de liderança na reorganização da política energética do novo governo. A estatal deve colocar em prática projetos com alto custo de capital de giro, melhorando a cadeia produtiva do petróleo e refino na base, chamada de “downstream”.
“Ainda precisamos de altos investimentos nesse setor, principalmente porque importamos muitos derivados”, disse Roisenberg ao IF. Se o Brasil mantiver a redução de impostos e investir nas operações da Petrobras, analisou o executivo, o preço da gasolina pode cair de R$ 4,50 para R$ 4,70 nos postos.
Armando Cavanha, ex-diretor da Petrobras e conselheiro da ANP, aponta que as refinarias brasileiras estão ultrapassadas e incapazes de atender à demanda brasileira. Com maior investimento, o preço do combustível pode baixar, o que é acompanhado por uma diminuição dos custos do transporte rodoviário.
Ex-diretor da Petrobras: “preço da gasolina deve subir”
No curto prazo, o Brasil enfrentará instabilidade econômica com a transição de governos, o que deve levar a uma valorização do dólar frente ao real. A tendência dos preços dos combustíveis até o fim é de alta, segundo Cavanha.
Ainda assim, segundo o ex-diretor da Petrobras, é preciso considerar a redução da produção de petróleo feita pelo cartel da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), composto por 13 países, tanto do Oriente Médio quanto da África. O preço do Brent sobe a cada corte no bloco — o último cortou a produção diária em 2 milhões de barris. A OPEP produz cerca de 30% do petróleo mundial.
Um especialista estima que o preço da gasolina pode subir até R$ 1 na bomba.
Taxas de juros nos Estados Unidos afetam os preços dos combustíveis
Para o economista do Guia Victor Beyrute, o preço da gasolina deve se estabilizar no curto prazo, principalmente se o novo governo decidir continuar reduzindo o ICMS. No entanto, é improvável que Lula experimente o boom de commodities que alimentou seus dois primeiros mandatos.
O combustível deve flutuar para cima na bomba se a oferta continuar pressionada pelos cortes da Opep, diz economista. “A demanda por petróleo está desacelerando, mas também há pouca previsibilidade no cenário mundial”, avalia Beyrute.
A maior taxa de juros dos Estados Unidos desde 2008, que, segundo a posição do Federal Reserve System, deve continuar subindo, também trabalha contra a valorização das commodities no mercado. “O aumento dos juros do dólar pressiona a economia mundial e, em última análise, pressiona a demanda”, acrescenta Beyrute.
Qual é o preço do diesel em 2023?
No entanto, há boas notícias para os consumidores de diesel. Especialistas dizem que por causa da resolução que a ANP alterou em meados de setembro deste ano, o preço do diesel na bomba pode cair.
A minuta da resolução da ANP estabelece que revendedoras nacionais e internacionais poderão importar biodiesel para completar com a cota obrigatória de diesel nacional. A medida tenta romper uma barreira regulatória estabelecida pelo governo e que protege a produção de diesel nacional.
O efeito da resolução pode chegar ao bolso do produtor e do consumidor. Armando Cavanho destaca que facilitar a importação de biodiesel é a queda de preço no mercado nacional, porque há menos custo logístico. “Se a minuta sair da audiência pública sem alterações, teremos uma flexibilização nos preços”, completa o especialista.
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